Introdução Teoria de Dow
A Teoria de Dow é amplamente considerada como a base da análise técnica moderna. Foi a pioneira dos princípios de análise das tendências de mercado utilizando dados de preço e volume.
Desenvolvida por Charles Dow, co-fundador do The Wall Street Journal, a Teoria de Dow tem sua influência significativa na abordagem dos traders aos mercados tradicionais consolidada por mais de um século.
Breve resumo...
- A Teoria de Dow originou-se dos escritos de Charles Dow, um jornalista financeiro americano, no final do século XIX.
- Há um total de seis princípios que compõem a teoria, abrangendo conceitos como tendências de mercado, confirmação de tendências e análise de volume.
- A Teoria Dow influencia gerações de investidores e permanece, em muitos aspectos, relevante para a análise técnica moderna.
Afinal o que é a Teoria de Dow?
A Teoria de Dow é uma acumulado de princípios que descrevem o comportamento do mercado ao longo do tempo, visando analisar e prever tendências nos mercados financeiros, principalmente em ações. Ela consiste em seis princípios que abordam diversos aspectos da análise de tendências. Embora tenha sido desenvolvida no final do século XIX, a maioria de seus princípios permanece relevante para traders e investidores nos dias de hoje.
O contexto Histórico da Teoria de Dow
A Teoria Dow originou-se no final do século 19 a partir dos trabalhos de Charles Dow, um jornalista financeiro americano, o primeiro editor do The Wall Street Journal, cofundador da Dow Jones & Company e um dos co-desenvolvedores do Dow Índice Jones Industrial Average. Entre 1899 e 1902 publicou uma série de editoriais no The Wall Street Journal, que lançaram as bases para o que mais tarde se tornaria a Teoria Dow. Após a morte de Dow em 1902, William Peter Hamilton, um dos seguidores de Dow, refinou os princípios de Dow e formalizou-os em uma teoria totalmente desenvolvida. Ele o descreveu em seu livro “The Stock Market Barometer: A Study of Its Forecast Value of 1922”.
Os 6 princípios da Teoria de Dow
O mercado desconta tudo
Este princípio é fundamentado na ideia de que todas as informações conhecidas sobre um ativo financeiro ou mercado em questão já estão incorporadas em seu preço. Em outras palavras, o preço atual de mercado de qualquer ativo financeiro reflete todas as informações disponíveis, incluindo desempenho passado, expectativas futuras, condições econômicas, notícias e outros fatores relevantes. A informação privilegiada é considerada inútil porque o mercado já incorporou todas as informações pertinentes em seu preço atual. Portanto, os investidores devem concentrar-se na análise dos movimentos de preço para tomar decisões informadas.
Existem três tipos de tendências de mercado
A Teoria de Dow descreve três tipos de tendências de mercado:
- A tendência primária é a tendência mais longa e significativa, normalmente durando um ano ou mais. Reflete a direção geral do mercado, seja para cima (alta) ou para baixo (baixa). As tendências primárias normalmente não são facilmente influenciadas pelas flutuações de curto prazo e são de interesse primordial para os investidores de longo prazo.
- A tendência secundária é um movimento corretivo dentro da tendência primária. Normalmente dura de algumas semanas a vários meses e vai contra a tendência primária. Numa tendência primária ascendente, as tendências secundárias são correções descendentes, enquanto numa tendência primária descendente, as tendências secundárias são correções ascendentes.
- A tendência menor refere-se a flutuações de curto prazo nos preços que ocorrem dentro da tendência secundária. Esses movimentos costumam durar pouco, não durando mais do que três semanas. Embora as tendências menores possam proporcionar oportunidades de negociação para os traders de curto prazo, elas são consideradas menos significativas no contexto mais amplo da análise de mercado em comparação com as tendências primárias e secundárias.
As tendências primárias têm três fases
O terceiro princípio da Teoria Dow diz que cada tendência primária pode ser dividida em 3 fases.
No mercado altista, as fases são:
- Fase de Acumulação: Nesta fase, investidores informados começam a acumular ativos subvalorizados, antecipando a valorização futura dos preços.
- Fase de participação pública: Após a fase de acumulação, a participação mais ampla no mercado aumenta à medida que o otimismo se espalha. A compra se torna mais generalizada, elevando os preços.
- Fase de distribuição: Perto do final do mercado altista, à medida que os preços atingem o seu pico, os investidores experientes começam a distribuir as suas participações procurando garantir os seus lucros.
No mercado baixista:
- Fase de distribuição: O mercado em baixa começa com uma fase de distribuição semelhante à vista no final de um mercado em alta. Os preços ainda podem estar elevados, mas os investidores mais experientes começam a vender as suas participações para obter lucros.
- Fase de participação pública: Durante esta fase, a participação mais ampla no mercado aumenta à medida que a tendência de baixa se torna mais aparente. Mais investidores tornam-se ativamente envolvidos nas vendas, contribuindo para uma nova queda dos preços.
- Fase de Pânico: O ponto culminante do mercado em baixa é a fase de pânico, caracterizada por uma corrida frenética para vender ativos. No entanto, é também o momento em que os investidores experientes começam a reentrar cautelosamente no mercado, antecipando uma potencial reversão do mercado.
Este princípio enfatiza que uma tendência de mercado só é considerada válida se for confirmada por movimentos em vários índices importantes. Se os principais índices apontarem em direções opostas, a confiabilidade da tendência é questionada. Charles Dow utilizou o Dow Jones Industrial Average (DJIA) e o Dow Jones Transportation Average (DJTA) para essa confirmação.
No entanto, na realidade atual, embora o conceito fundamental permaneça válido, depender apenas desses dois índices específicos para confirmar todas as tendências de mercado é considerado antiquado. Essa abordagem negligencia a complexidade dos mercados financeiros modernos e a disponibilidade de uma ampla gama de índices e classes de ativos.
Volume confirma tendências
Segundo a teoria de Dow, o volume de negociação deve se alinhar com os movimentos de preços para validar as tendências do mercado. Em resumo, para que uma tendência de mercado seja considerada confiável, o volume deve aumentar quando o preço se move na direção da tendência primária.
Por exemplo, durante uma tendência de alta, espera-se que um volume maior acompanhe os movimentos ascendentes dos preços, enquanto um volume menor é esperado durante os movimentos descendentes dos preços. Se os preços seguem a tendência primária, mas com baixo volume, isso sugere um enfraquecimento potencial da tendência e a possibilidade de reversão.
Até hoje, a confirmação de tendências por meio da análise de volume permanece uma das técnicas mais essenciais utilizadas por traders e investidores.
As tendências persistem até serem definitivamente revertidas
Este princípio sugere que, uma vez estabelecida uma tendência de mercado, é provável que ela continue até que haja evidências claras de uma reversão. Ele adverte os traders e investidores contra a suposição prematura de que uma tendência chegou ao fim com base em pequenas flutuações ou reversões temporárias. Em vez disso, os participantes do mercado são aconselhados a aguardar uma confirmação clara de uma reversão de tendência antes de ajustarem suas estratégias de investimento.
Implementando a Teoria de Dow
Aqui está um modelo básico de como os traders podem aplicar os princípios da Teoria Dow em sua estratégia de negociação:
- Identificando a tendência primária: O primeiro passo é determinar a tendência primária do mercado. Os traders que utilizam a Teoria Dow procurariam identificar a tendência primária analisando gráficos de preços de longo prazo e procurando padrões consistentes de máximos e mínimos mais elevados numa tendência de alta, ou máximos e mínimos mais baixos numa tendência de baixa.
- Confirmando a tendência: Uma vez identificada a tendência primária, os traders procuram sinais de confirmação para validar a tendência. De acordo com a Teoria Dow, a confirmação ocorre quando as tendências se alinham em dois ou mais índices (mercados) principais. Além disso, aumentar o volume de negociação alinhado com a direção da tendência pode servir como outro sinal de confirmação.
- Identificação de tendências secundárias: As tendências secundárias são contra-movimentos dentro da tendência primária. Estas correções proporcionam frequentemente oportunidades para entrar no mercado a preços mais favoráveis. Por exemplo, numa tendência de alta, os preços podem recuar temporariamente durante uma tendência de baixa secundária, permitindo que os traders comprem ativos a preços mais baixos antes que a tendência de alta seja retomada.
- Procurando por reversões de tendências: Quando um trader percebe sinais definitivos de enfraquecimento ou reversão de uma tendência, como uma mudança no volume de negociação ou uma quebra nos principais níveis de suporte ou resistência , ele pode precisar considerar ajustar suas posições ou entrar em novas negociações na direção de a nova tendência.
É também importante notar que, como acontece com qualquer estratégia de negociação, a gestão de risco é crucial quando se utilizam os princípios da Teoria Dow. Os traders devem definir ordens de stop-loss para minimizar perdas potenciais se o mercado se tornar desfavorável e utilizar o dimensionamento de posição.
Limitações da Teoria de Dow
- Indicador de atraso: A Teoria de Dow depende de dados históricos de preços para identificar tendências e confirmar sinais. Como resultado, pode ficar atrás do desenvolvimento do mercado em tempo real.
- Aplicação limitada aos mercados modernos: Formulada no final do século XIX, a Teoria de Dow enfrenta desafios na adaptação total às complexidades dos mercados financeiros modernos. Com o rápido progresso tecnológico, a globalização e a proliferação de instrumentos financeiros complexos, a abordagem simplista da teoria já não consegue captar sempre adequadamente as nuances da dinâmica moderna do mercado.
- Confiança apenas nos preços de fechamento: A Teoria de Dow depende principalmente dos preços de fechamento para analisar tendências de mercado e confirmar sinais. Esta abordagem pode fornecer uma imagem incompleta da actividade do mercado.
- Aplicação limitada em negociações de curto prazo: A Teoria Dow concentra-se principalmente na identificação de tendências de longo prazo no mercado. Pode não ser tão útil para traders de curto prazo que procuram capitalizar os movimentos de preços intradiários ou de curto prazo.
Conclusão
Muito do que sabemos atualmente sobre análise técnica tem origem na Teoria Dow. Ao introduzir conceitos fundamentais como tendências de mercado, sinais de confirmação e ciclos de mercado, a Teoria Dow estabeleceu as bases para o desenvolvimento de inúmeras ferramentas e técnicas nas quais os traders confiam atualmente.
Devido à sua simplicidade, a teoria é acessível a traders de todos os níveis para implementar na sua estratégia. Além disso, o seu foco na dinâmica fundamental do mercado que é comum em diferentes ambientes de negociação permite que seja aplicável em diferentes classes de ativos e prazos.
No entanto, é importante ter em mente que, como qualquer outra ferramenta de análise técnica, a Teoria Dow apresenta limitações. Para maximizar a sua eficácia, os traders modernos podem utilizá-lo em conjunto com outras ferramentas analíticas, como médias móveis e osciladores de momentum.
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FAQ
O que é a Teoria de Dow?
A Teoria de Dow é uma coleção de princípios para análise dos mercados financeiros. Foi formulado por Charles Dow, cofundador da Dow Jones & Company, no final do século XIX e início do século XX. A teoria visa identificar tendências em ativos financeiros e fazer previsões sobre seus movimentos futuros de preços.
Quais são os 6 princípios da Teoria de Dow?
A Teoria de Dow é baseada em seis princípios principais:
- O mercado desconta tudo
- Existem três tipos de tendências de mercado
- As tendências primárias têm três fases
- Os índices devem confirmar-se mutuamente
- O volume deve confirmar tendências
- As tendências persistem até serem definitivamente revertidas
Como usar a teoria de Dow na análise técnica?
Investidores e traders utilizam a Teoria de Dow para analisar tendências de mercado e tomar decisões sobre quando comprar, vender ou manter ativos financeiros.
A Teoria de Dow ainda é relevante hoje?
Apesar de terem sido formulados há mais de um século, alguns dos princípios da Teoria Dow permanecem relevantes nos mercados financeiros modernos. Conceitos-chave, como a ideia de tendências e ciclos de mercado, continuam a influenciar a análise técnica hoje.
Quais são as limitações da Teoria de Dow?
As limitações da Teoria Dow incluem a dependência de dados históricos que conduzem a leituras desfasadas, desafios de adaptação aos mercados modernos, dependência apenas dos preços de fecho e aplicabilidade limitada em cenários de negociação de curto prazo.
Por que a Teoria de Dow é importante?
A Teoria de Dow foi a primeira teoria formal a delinear os princípios de análise das tendências do mercado com base em dados de preços e volumes. Seus conceitos influenciaram muito a análise técnica e permanecem fundamentais para a compreensão do comportamento do mercado.